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A TEOLOGIA ORTODOXA E OS DESAFIOS DO SÉCULO XXI

ZIZIOULAS Ioannis, Metropolita de Pérgamo
tradução de monja Rebeca (Pereira)


Discurso proferido durante a recepção do Metropolita de Pérgamo como membro da Academia de Estudos Teológicos de Volos, Volos, 29 de outubro de 2011


O tempo (χρόνος) recebe significado por meio do kairos (καιρός), e o kairos nada mais é do que uma parada, uma estação intermediária, que nos permite contemplar o passado e contemplar o futuro. Sem o kairos, o tempo flui sem sentido, afoga-se na morte e nada do que acontece sobrevive. Em toda a criação, somente o homem pode transformar o tempo em kairos. O Criador concedeu ao homem o privilégio da liberdade e, com isso, também a responsabilidade de introduzir no tempo — ainda que por pouco tempo (como ocorre por excelência na Divina Liturgia) — a presença e o sabor do eschaton, as últimas coisas — aquilo que não perecerá junto com todas as coisas inúteis que carregamos nesta vida.


Sinto que estou vivenciando um “kairos” nestes dias, um presente do Deus misericordioso através do amor do meu irmão Metropolita Ignatios de Demetrias, ao ouvir o eco da minha voz no discurso e na análise ponderados dos palestrantes desta conferência, e ao receber das mãos do Diretor da Academia de Estudos Teológicos a distinção honorária de me tornar seu primeiro “Parceiro”.

Interrompo, assim, o fluxo do tempo da minha vida e me posiciono nesta etapa da sua jornada, antes de tudo, para agradecer ao Senhor, o Doador de bens, que me concedeu o grande dom da minha existência e o desejo de buscar o seu significado, e depois a todos vocês que, guiados pelo incansável e carismático pastor desta Igreja local, se deram ao trabalho de me honrar com a vossa presença aqui.

Caracterizei este honroso acontecimento como um “kairos” e uma “etapa” no fluxo do tempo da minha vida, porque hoje sinto o dever de me posicionar e, com sobriedade — sem me deixar influenciar por elogios ou por polêmicas cruéis e injustas —, examinar o passado e olhar para o futuro. Uma das grandes lições que o Senhor me permitiu aprender na minha vida, não sem dificuldade e custo pessoal, é que a obra de cada um de nós não é louvada ou desacreditada pelo julgamento das pessoas, mas pelo de Deus.

E o julgamento de Deus não se expressa por meio de publicidade efêmera, mas leva tempo para se manifestar — tempo histórico e, em última análise, escatológico. “Agora, se alguém sobre este fundamento edificar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; porque o dia a demonstrará, porque será revelada pelo fogo; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra de alguém que sobre ele edificou permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá prejuízo” (1Co 3:12-15).

Abordemos com temor a Deus tanto a nossa própria oferta quanto a oferta dos outros. Se o que postulamos for verdadeiro, não importa quanta lama caia sobre ele, Deus o trará à luz; e se for falso, desaparecerá. Guiado por esse ensinamento, evitei controvérsias teológicas em minha vida o máximo que pude. De qualquer forma, eu preferia gastar meu tempo positivamente, oferecendo em vez de negar, mesmo quando o que eu deveria ter negado tinha a ver com críticas apaixonadas ou promoção pessoal e calúnias.

Com esta observação, permitam-me abordar a questão do futuro da teologia ortodoxa em nosso tempo. O primeiro e, na minha opinião, o maior problema da teologia ortodoxa hoje é a ausência de proposições positivas. Quando, na década de 1960, a geração de teólogos à qual pertenço se “rebelou”, de certa forma, contra a teologia acadêmica, tal como havia sido moldada de acordo com os padrões ocidentais pelas gerações anteriores (Androutsos, etc.), não se limitou à crítica, mas apresentou propostas positivas. Alguns, como J. Romanides, inspiraram-se na tradição hesicasta e moldaram sua teologia em torno do eixo da experiência pessoal com um forte elemento carismático.

Outros, como C. Yannaras, abriram a teologia ortodoxa para o campo da filosofia, destacando a ontologia do relacionamento. Pessoalmente, considero a Eucaristia a chave para compreender, primeiramente, a estrutura e os ministérios da Igreja, depois a própria antropologia (no sentido da pessoa como comunhão e alteridade) e, finalmente, este mistério do Deus Trino como essência e pessoas, comunhão e alteridade.

Com o tempo, o que aconteceu com tudo isso no início do século XXI? Primeiro, cada uma das propostas acima recebeu duras críticas, mas sem nenhuma contraproposta. Em segundo lugar, e pior, as propostas acima mencionadas colidiam entre si, tornando impossível qualquer síntese. Recentemente, a abordagem eucarística foi considerada por um “seguidor” da teologia de J. Romanides como uma “heresia em gestação”, e C. Yannaras agora expressa reservas a respeito. Vivemos em uma era de conflito teológico. A palavra “herege” tende a denotar qualquer pessoa que discorde do nosso ponto de vista, em desafio ao que São Fócio e a antiga tradição da Igreja nos ensinam, limitando claramente o termo “heresia” apenas ao que constitui uma violação das decisões dos Concílios Ecumênicos.

É, portanto, óbvio que a teologia ortodoxa está passando por uma polêmica interna, da qual nada de positivo resultará. É claro que a crítica é sempre necessária, mas somente quando é “para edificar e não para destruir” (2 Coríntios 13:10). É dever dos teólogos ortodoxos do século XXI formar uma síntese criativa das diversas tendências trazidas à tona pela geração dos anos 1960. Essas tendências provêm da mesma matriz e não são estranhas uma à outra. A Eucaristia e o ascetismo foram vivenciados pela Igreja no passado como uma única experiência. Enfatizar uma delas em detrimento da outra é um fenômeno recente, que traz sérios riscos.

Quando excluímos os dons espirituais dos “Anciãos” e desvalorizamos as instituições eclesiásticas, cultivamos uma teologia protestante que, mais cedo ou mais tarde, fragmentará a Igreja, como aconteceu no Ocidente protestante. E quando desconectamos completamente essas instituições da dimensão carismática da Igreja, o legalismo secará a vitalidade do Espírito na Igreja. A síntese dessas tendências torna-se cada vez mais necessária na teologia ortodoxa.

Neste ponto, devemos fazer uma observação histórica. Do século XIX até meados do século XX, o elemento institucional da Igreja prevaleceu na teologia ortodoxa. Mas hoje chegamos ao outro extremo. Inicialmente, a deterioração do elemento teológico começou na Grécia com o enfraquecimento moralista das Irmandades/Fraternidades/Confrarias. Na Ortodoxia fora da Grécia, a teologia da Diáspora Russa — eu diria como um todo, com as posições de Nikolaos Afanasyev em seu apogeu — desferiu o primeiro golpe na eclesiologia institucional, enquanto em nosso país chegamos ao ponto em que bispos amedrontados estão atribuindo sua autoridade espiritual a “Anciãos” carismáticos, e a instituição episcopal está recebendo vários desafios da teologia ortodoxa moderna. É claro que os próprios bispos não estão isentos de responsabilidade por essa situação, pois se concentram exclusivamente na administração, tornando-se funcionários públicos devido à relação entre Igreja e Estado neste país.

A síntese, portanto, dos elementos institucionais e carismáticos em nossa Igreja emergirá como um problema-chave para a teologia ortodoxa neste século. Eu diria que isso também determinará a sobrevivência da Igreja Ortodoxa, porque, por mais extremo que pareça, em breve não saberemos para que precisamos do bispo na Igreja. Como tudo o que é essencial para a nossa salvação agora é feito pelo presbítero (Eucaristia, Confissão e os outros Sacramentos, exceto a Ordenação), o bispo agora desempenhará um papel decorativo nas festas, e nada mais. Quanto à instituição sinodal, ela foi transformada em um instrumento para “lidar com questões atuais”, e as decisões sinodais, que antes eram o critério supremo para distinguir entre verdade e heresia, agora são jogadas pela janela.

Chegamos ao ponto da situação interna da Ortodoxia. Mas a teologia ortodoxa do século XXI será chamada a dialogar também com o mundo exterior — caso contrário, se transformará em um “gueto” e sofrerá o destino de todas as “seitas” da história. Por mais alienante que o termo “teologia contextual” possa soar, o cerne de seu significado permanece sempre atual. A teologia que não ouve o que acontece ao seu redor condenou à morte a herança recebida de seus Padres. Este é também o significado da “síntese neopatrística”, proposta pelo falecido George Florovsky. Não se trata de transcender a teologia patrística, mas de interpretá-la, o que lhe permitirá dar uma resposta aos problemas existenciais do homem de hoje e de culturas diferentes da nossa. A teologia ortodoxa é chamada a dar seu testemunho não em termos de guerra, mas como uma missão “encarnacional”, falando, segundo o modelo do Verbo encarnado, ao homem moderno “de dentro”, carregando suas cruzes e tentando compreender suas angústias. Afinal, os próprios Padres da nossa Igreja transferiram e interpretaram existencialmente o Evangelho para a cultura grega de seu tempo. A teologia patrística deve permanecer sempre a base da teologia ortodoxa, pois os Padres realmente compreenderam os problemas existenciais do homem em toda a sua profundidade. Desse ponto de vista, não podemos ir além dos Padres. Mas, embora a essência da teologia patrística permaneça inalterada, pessoas de todas as épocas e culturas vivenciam seus problemas existenciais de maneiras diferentes. O dever da teologia ortodoxa é tentar constantemente responder à pergunta, não o que os Padres disseram em seu tempo (esta é a tarefa dos historiadores), mas o que diriam hoje, se estivessem diante dos problemas de um ocidental contemporâneo ou de um africano, etc. Isso constituiria “traição” aos Padres? Pelo contrário. Seria, antes, traição transformar os Padres em tesouros arqueológicos, que guardamos no museu, sem deixá-los falar a linguagem do nosso tempo.

Em outras palavras, o dever da teologia ortodoxa em nosso tempo é, para usar termos acadêmicos técnicos, ir além de uma teologia histórica e sistemática — algo que, infelizmente, é pouco cultivado em nossas Escolas de Teologia. Assim como ninguém é um bom aluno quando “papagaia”, repetindo palavra por palavra as palavras do seu mestre, assim também o discípulo dos Padres é chamado a dizer “com as suas próprias palavras”, palavras do seu tempo, o que os Padres lhe ensinaram.

Assim, a teologia ortodoxa é chamada, em nosso tempo, a fornecer respostas, sempre a partir do pensamento dos Padres, a questões que dominam nossa cultura moderna. Hoje, por exemplo, o homem enfrenta um problema desconhecido na época dos Padres: a crise ecológica. Esse problema surgiu da arrogância e da presunção do homem em relação ao restante da criação, cultivada principalmente com o Iluminismo e a revolução tecnológica. A cosmologia patrística, juntamente com a tradição e a experiência litúrgica e ascética da Ortodoxia, deve ser interpretada com referência direta a esse problema. Aqui, então, está uma oportunidade de sintetizar a teologia eucarística e a ascética, que é, ao mesmo tempo, uma “teologia contextual”.

Mas o século em que vivemos traz consigo outros desafios para a teologia ortodoxa. Um deles, talvez o mais sério, é a globalização em rápido desenvolvimento, com todas as suas implicações. A primeira e importante implicação da globalização está relacionada à tecnologia e todas as suas consequências. A tecnologia, especialmente em sua forma digital, torna a comunicação das pessoas direta, ou seja, sem a mediação da comunidade local, que é essencialmente abolida.

As consequências para a teologia são chocantes, especialmente no campo da eclesiologia. Todos sabemos que a eclesiologia ortodoxa — diferentemente da dos católicos romanos — se baseia na Igreja local. O núcleo e a célula da Igreja Ortodoxa é a Igreja local reunida em uma só Eucaristia em torno de seu bispo. Isso foi preservado ao longo dos séculos como a menina dos olhos, protegida por cânones sagrados que proíbem um bispo de “intervir” no território de outra diocese. Mas agora que o rádio, a televisão e até mesmo a internet transmitem a Divina Liturgia e o sermão para além da diocese, o que acontece com a proibição de “intervenções”? Como pode o fiel de uma Igreja local, assistindo à retransmissão da Divina Liturgia, rezar pelo “seu” (“nosso”) arcebispo, quando o bispo comemorado não é o seu, mas outro? Será que aos poucos nos tornaremos viciados no “não importa” quem seja o nosso bispo, quando participamos da Sagrada Eucaristia? Mas isso agora desconectaria o bispo da Eucaristia, e todos os cânones sagrados sobre “intervenção” se tornariam uma piada.

Não há dúvida, creio eu, de que a primeira e mais trágica vítima da tecnologia digital será em breve a eclesiologia eucarística. Uma sociedade global também resultará em uma eclesiologia global — isto é, na dissolução da igreja local. O que deve ser feito? A resposta não é fácil. O mínimo que se pode fazer é proibir a retransmissão da Divina Liturgia: para que a Eucaristia volte a ser o que era antes, ou seja, uma reunião “em um só lugar”. A ilusão de que supostamente participo da Santa Eucaristia, sem comparecer (fisicamente) “em um só lugar”, mina o próprio significado da Santa Eucaristia e incentiva a dissolução da igreja local, o que já está acontecendo em grande medida.

Mas o desafio da tecnologia e da globalização não se limita à igreja local. Sua próxima vítima serão as chamadas Igrejas “nacionais” ou “autocéfalas”. Quando os Estados-nação cedem lentamente sua soberania nacional em áreas como a economia (e outras; veja a Grécia hoje), como sobreviverá a consciência da Igreja nacional? Quando a composição demográfica de um país muda rapidamente com a mistura de muitas nacionalidades, como podemos orar “por nossa piedosa nação”? A Igreja Ortodoxa e sua teologia estão prontas para enfrentar esses novos desafios ou preferem ignorar sua chegada?

Relacionado a esses desafios está o rápido desligamento das sociedades contemporâneas (principalmente ocidentais) das crenças e preceitos morais da Igreja. A religião está sendo lentamente privatizada e deixa de ser uma experiência pública. O casamento é dessacralizado e se torna um simples contrato ou coabitação. O que a Igreja proíbe, o Estado permite. Isso pode não ser uma realidade em nosso país, mas qualquer pessoa com olhos pode vê-los chegando aqui também.

Poderíamos mencionar muitos outros desafios do nosso século, mas concentremos nossa reflexão no dever da teologia ortodoxa. Muitos dos desafios que mencionei já foram enfrentados pela teologia cristã no Ocidente. O resultado foi ou um choque frontal da teologia com esses desafios (isso aconteceu principalmente na teologia católica romana) ou uma submissão completa a eles (o caso do protestantismo, com exceção de sua parte evangélica e fundamentalista). A teologia ortodoxa só agora começou a ser questionada. Alguns ortodoxos que seguem o modelo católico romano (oficial) ou evangélico-protestante optam por enfrentar esses novos desafios de frente. Outros estão dispostos a se comprometer com eles, incorrendo na ira de seus antecessores. A teologia ortodoxa ainda não encontrou seu caminho e não possui critérios para ajudar a Igreja.

Na minha humilde opinião, enfrentar esses desafios de frente é inútil e não condiz com o ethos da Ortodoxia. Quando a secularização bateu à porta da Igreja e a ameaçou na era pós-Constantinopolitana, a Igreja respondeu com suas duas posições teológicas: a vida litúrgica e o monaquismo. Ambos os elementos tinham uma coisa em comum: sua orientação escatológica. A teologia ortodoxa não se baseia em formas históricas, de modo que precise defendê-las. Ela se interessa pelo homem como imagem de Deus, quaisquer que sejam as condições históricas em que se encontre, e serve a esse homem projetando diante dele uma visão, uma perspectiva escatológica, a fim de adaptar sua vida a ela. Foi isso que fez nos primeiros séculos, foi isso que continuou a fazer no Império Otomano, e isso essencialmente salvou a Ortodoxia quando os regimes comunistas a privaram de qualquer participação na vida social. A vida litúrgica e o monaquismo têm sido a resposta da teologia ortodoxa em todos esses casos.

Reverendos e queridos pais, irmãos e irmãs. Eu disse no início do meu discurso que este evento é um ponto de referência no fluxo do tempo da minha vida. Enfrento este momento com gratidão, mas também com admiração, examinando o passado e contemplando o futuro. Os palestrantes da conferência tinham muito a dizer, tendo pesquisado diligentemente o que eu tentei fazer a serviço da Igreja e de sua teologia. Agradeço-lhes novamente por isso. Olhando para o passado com um olhar agora voltado para o futuro que nosso século traz consigo, continuo impenitente em relação a um ponto em minha jornada teológica: a abordagem eucarística da teologia. Essa abordagem continua sendo, para mim, o único caminho que a teologia ortodoxa tem diante de si, enfrentando os desafios do nosso século.

Com essa abordagem, a Ortodoxia pode não apenas sobreviver, mas também dialogar criativamente com as ciências sociais e até mesmo as ciências naturais do nosso tempo, para criticar seriamente os elementos da nossa cultura que são negativos para o homem e para a criação de Deus, e contribuir — na medida em que as limitações e contradições da história o permitam — para a criação de uma civilização mais humana. A abordagem eucarística não é unilateral. Nada é mais “católico” do que a Santa Eucaristia. Tudo termina aí: Batismo, Arrependimento (=ascese), arte e tudo o mais que inclui a existência e a vida do homem, mas também de toda a criação. Nós, teólogos, devemos simplesmente abrir os olhos e, livres de preconceitos e disputas pessoais, perscrutar a profundidade e a amplitude deste Mistério dos Mistérios. Lá encontraremos toda a nossa teologia, não apenas em nossa mente e intelecto, mas também em nossa experiência, uma experiência que não será um assunto individual (como é o caso de outras teologias empíricas), mas uma comunhão de almas e corpos, participação em Deus e em toda a criação.

Assim, olhando para o futuro, aguardo com expectativa o que o Professor Stamoulis chamou aqui de era “pós-Zizioulas”. O que acontecerá com a semente que caiu, só Deus sabe. Aquele que dirige a História pode anular o que eu estabeleci ou, como eu rezo, encontrar algo nisso que seja útil para os Seus planos. Tudo o que eu poderia dizer é o que gostaria de ver na era depois de mim. E isso poderia incluir, por exemplo, o seguinte:

a) Alunos que darão passos além do que eu disse, construindo sobre si de forma construtiva e criativa.

b) Uma extensão da teologia eucarística em áreas que eu pessoalmente gostaria de abordar, se tivesse tempo. Uma dessas áreas é a Arte, sobre a qual a teologia eucarística tem muito a dizer. A teologia ortodoxa está conectada por sua natureza com a Arte. Ela teologizou com a Arte no passado, antes de se submeter ao cativeiro da mentalidade acadêmica. Não há teologia ortodoxa sem um diálogo frutífero com a Arte em todas as suas formas (literatura, música, pintura, teatro, etc.). A Santa Eucaristia rapidamente encontrou sua expressão na Arte. É hora de reencontrá-la.

c) A teologia eucarística também deve dialogar com a Ciência. Pois a Eucaristia inclui uma cosmologia que tem muito em comum com as ciências naturais, tanto em conteúdo quanto em metodologia.

d) Finalmente, em termos de ética (ou melhor, ethos), o tema é e sempre será inesgotável. O que a teologia eucarística tem a nos dizer sobre questões de bioética, ética sexual, missão, como lidar com a violência, etc.

Minha humilde oferta tentou conectar a Eucaristia com as instituições da Igreja e com a antropologia. Mas a teologia eucarística tem um potencial inesgotável. Ela permitirá que aqueles mais jovens do que eu avancem em áreas como as que mencionei. A Igreja precisa disso.

É isso que gostaria de dizer por ocasião deste evento como uma revisão do que humildemente, com a graça e a misericórdia de Deus, ofereci à teologia. Obrigado por me darem a satisfação de sentir que “não corri nem trabalhei em vão” (Fp 2,16). Este é o maior presente para um ser humano, porque vocês me deram a oportunidade de convosco compartilhar meus pensamentos e ansiedades. Rezo humildemente para que o Espírito Santo guie a teologia ortodoxa para cumprir sua missão em um mundo que tanto necessita da palavra salvadora da Ortodoxia.

Obrigado!
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Aurora Ortodoxia

Aurora Ortodoxia é um labor online missionário de cristãos ortodoxos brasileiros de distintas jurisdições canônicas, dedicado ao aprofundamento e iluminação daqueles que se interessam em conhecer a Fé Ortodoxa por meio da experiëncia da Santa Tradição.

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