No meu antigo cargo como coordenador de jovens da Metrópole Ortodoxa Grega de Atlanta, aprendi algo desde cedo que me motivou durante toda a minha gestão e que ainda me motiva hoje. Isso me arrepiou. Foi o indicador de que precisamos virar o jogo, mudar a direção da criação dos nossos filhos. Era aquela imagem assustadora que fazia todos suspirarem quando você contava. Conforme relatado pela nossa Arquidiocese, dois estudos recentes (um do Fórum Pew e outro do Instituto Patriarca Atenágoras) indicaram que 60% das nossas crianças ortodoxas estão abandonando a igreja e nunca mais retornando à fé ortodoxa. Assustador, não é?
Toda vez que eu mencionava isso para alguém, me perguntavam: “Então, como posso evitar isso?”. Certamente não existem pílulas mágicas que garantam que seu filho cresça com uma fé forte e devota em Cristo por meio de Sua Igreja Ortodoxa. Mas isso não significa que podemos abdicar da nossa responsabilidade perante o padre, de garantir que as nossas crianças ortodoxas se tornem adultos ortodoxos. É nossa responsabilidade criá-las na fé. Nesse caso…
Há algumas coisas específicas que você pode incluir na criação dos seus filhos para ajudá-los a construir uma base sólida de fé e um relacionamento duradouro com Deus.
MAIS IMPORTANTE (anote aqui): ORE PELOS SEUS FILHOS! Todos os dias, o tempo todo. Abra um diálogo contínuo com Deus sobre seu filho, o que ele está enfrentando, o que está passando. Devolva seu filho a Deus (afinal, ele pertence a Ele!). Peça à Theotokos, ou aos Santos Joaquim e Ana, que o ajudem como pai ou mãe. Peça a Deus que o ajude a criar seus filhos para a Sua glória. Peça-Lhe para encher os corações deles com o Seu amor…
Falando em oração… Você conhece o velho ditado: a família que reza unida permanece unida! Não precisa ser nada especial. Orar durante as refeições e passar alguns minutos pela manhã e antes de dormir rezando o Pai Nosso, agradecendo a Deus pelas pessoas em sua vida e pelas coisas boas (e não se esqueça de agradecê-lo pelos desafios também!) e pedir o que sua família precisa são bons lugares para começar.
Também é fundamental, claro, levar seus filhos à igreja. E quando digo isso, não me refiro a entrar pela porta pouco antes da comunhão, chegar, receber a comunhão e sair, como se fosse um drive-thru. Essa é uma prática lamentável de alguns pais que têm medo de comparecer ao culto inteiro por medo de que as crianças se comportem mal. Participe do culto inteiro! Chegue antes do início da Sagrada Liturgia! Saia depois do café! Se precisar de ajuda para gerenciar e envolver seus filhos (porque envolver faz parte da sua responsabilidade, caso contrário, qual o sentido de ir à igreja? Eles podem colorir e brincar com bonecas em casa).
Converse com seus filhos sobre Deus. Muitos pais acham que este não é o lugar deles, que a Igreja deveria falar. Mas um padre em uma paróquia de 200, 500 ou 1.000 famílias não pode conversar com seus filhos tanto quanto você. E o exemplo que eles precisam aprender é o seu. Se fizerem uma pergunta para a qual você não sabe a resposta, não se preocupe. Encontrem a resposta juntos usando os recursos que a Igreja oferece (como o seu padre ou os sites da Igreja). De qualquer forma, conversem sobre as experiências deles na Igreja, sobre o que pediram hoje, sobre como Deus os ajudou hoje… Qualquer coisa que tenha a ver com a fé deles e com Deus.
Conversar com seus filhos sobre Deus aumentará a percepção deles, permitindo que vejam Deus em todas as coisas.
Enfatize o conjunto certo de prioridades e mantenha-se firme. Há tantas atividades extracurriculares e distrações que nos afastam da vida da Igreja. Por exemplo, ligas de futebol que viajam aos domingos para os jogos… Qual é a prioridade, o futebol ou a Igreja? Agora, entenda que meu pai era jogador de futebol semiprofissional, era técnico de futebol e eu jogava futebol quando criança. Não odeio futebol.
Mas, ao se deparar com essa escolha, pergunte-se: quando meu filho tiver 35 anos e estiver enfrentando os desafios que a vida inevitavelmente traz (como problemas conjugais), o que o ajudará: seu relacionamento com Deus ou o futebol?
Muitas vezes nos esquecemos de pensar a longo prazo ou de enxergar o panorama geral. Vemos os benefícios do futebol como uma atividade extracurricular que fica bem no histórico escolar ou pode até mesmo garantir uma bolsa de estudos. Mas negligenciamos olhar ALÉM disso e perceber que o investimento mais importante em nosso filho é o investimento a longo prazo que fazemos em sua jornada pela vida rumo à salvação.
Lembre-se de que seu filho aprenderá seguindo o exemplo da sua decisão. Ele aprenderá a priorizar seu relacionamento com Deus ou com o futebol?
Se todos nós, como cristãos ortodoxos, fizéssemos estas coisas simples: orar por nossos filhos, orar com eles, falar mais sobre Deus e ir mais à igreja, o mundo seria um lugar muito diferente. Veríamos esses 60% diminuírem a nada. Que nosso Senhor Deus e Salvador Jesus Cristo nos dê toda a sabedoria e discernimento para guiar nossos filhos a uma plena vida n´Ele!