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O LUGAR DE MARIA NA IGREJA ORTODOXA

PEREIRA monja Rebeca

No dia de hoje, 22 de setembro (09 de setembro), a Igreja ortodoxa comemora os Santos Joaquim e Ana, Antepassados do Senhor, bem como o III Concílio Ecumênico, reunido em 431 em Éfeso.


No Prólogo de Ocrid, escrito pelo grande Hierarca de nossos tempos, o Bispo Nicolaj Velimorovitch, temos as seguintes passagens para o Sinaxário de hoje: 


São Joaquim era da linhagem de Judá e
descendente do rei David. Ana era filha de Matã, sacerdote da linhagem de Levi,
assim como Aarão, o sumo-sacerdote. Matã tinha três filhas Maria, Sofia e Ana.
Maria casou-se, viveu em Belém e deu à luz a Salomé. Sofia também se casou,
vivendo em Belém e gerou a Isabel, mãe do São João, o Precursor. Ana, por sua
vez, casou-se com Joaquim em Nazaré e, em avançada idade, deu à luz a Maria, a
Santíssima Mãe de Deus. Joaquim e Ana foram casados por cinqüenta anos e, ainda
assim, continuaram estéreis. Viviam piedosa e devotamente e, de tudo o que
produziam gostavam um terço com si próprios, distribuíam um terço aos pobres e
doavam o último terço ao Templo, nada lhes faltava. Certa ocasião, já idosos,
edirigiram-seà Jerusalém para oferecer um sacrifício a Deus. O sumo-sacerdote
Isacar repreende Joaquim, dizendo: “Não és digno de teres um dom aceito por
tuas mãos, pois não tens filhos.” Os demais presentes no templo, que possuíam
filhos, empurraram Joaquim para trás, como se fosse o mais indigno de todos.
Este fato causa indescritível dor na alma dos dois anciãos (Joaquim e Ana), e
elesregressam à casa em grande dor. Ambos caem, então, de joelhos diante de
Deus em oração, para que Ele lhes concedesse um milagre, como outrora,
concedido a Abraão e Sara, dando-lhes um filho como conforto da avançada idade.
Por conseguinte, Deus envia Seu Anjo, que lhes anuncia o nascimento de “uma
filha benditíssima, por Quem todas as nações da terra seriam abençoadas e por
Quem viria a salvação do mundo.” Pouco tempo depois, Ana concebe e, passados
nove meses, dá a luz à Santa Virgem Maria. São Joaquim vive por oitenta anos e
Ana por setenta e nove, idade em que repousam no Senhor.


Este Concílio reuniu-se em Éfeso, em
431, no tempo do Imperador Teodósio, o Jovem. Contou com a participação de
duzentos Santos Padres. O Concílio condenou Nestório, Patriarca de
Constantinopla, por seus heréticos ensinamentos sobre a Santíssima Virgem Maria
e o nascimento do Senhor. Nestório não queria designar a Santa Virgem como Theotokos (Genitora de Deus), mas como Cristotokos (Genitora de Cristo). Os
Santos Padres condenam os ensinamentos de Nestório e confirmam que a Santa
Virgem devesse ser chamada de Theotokos.
Além do mais, o Concílio confirma as decisões dos Primeiro e Segundo Concílios
Ecumênicos, especialmente o que se referia ao Credo Niceno-Constantinopolitano,
ordenando que ninguém lhe retirasse nem acrescentasse nada.

O lugar de Maria na piedade da
Igreja Ortodoxa tem grande importância no crescimento espiritual de todos nós.
Sua Natividade, na carne, de pais estéreis em sua velhice, mas confiantes na
relação com Deus, é o ato que marca o início do Reino que vem se instalar na
Terra. Deus prepara, primeiramente, um humilde e fervoroso casal para acolher
Aquela que viria dar a luz ao Filho de Deus na carne, é Maria Quem vem dar à luz de maneira misteriosa e
miraculosamente pelo Espírito Santo.


Na realidade do Cristianismo
Oriental Maria não é a Imaculada Conceição. Ela é gerada na carne, segundo uma
promessa, de maneira natural à qualquer relação humana conjugal. Quem deu à luz a Deus? Maria, somente. O dogma da Imaculada Conceição da Igreja católico-romana pode fazer de Maria um(a) deus(a) – gerada sem pecado – no lugar
de Seu próprio Filho. Não é em vão que em muitas de Suas representações pitorescas
e estátuas Ela aparece sozinha, sem Seu Filho – contrário
à Iconografia da Igreja Ortodoxa.



O fato que A marca, fazendo-A sujeito
de toda veneração não é somente Sua
virgindade, mas sobretudo Sua maternidade – ser a Mãe de Deus (Theotokos).

O Concílio de Éfeso, especialmente
na pessoa do santo Hierarca Cirilo de Alexandria, vem justamente dar o devido
lugar de Maria na Igreja, cuja terminologia inspirada pelo Espírito Santo,
soube perfeitamente encontrar sua plenitude. Ao denominá-la Cristotokos (que gera
a Cristo), cairíamos no erro de concebê-Lo somente enquanto homem e não como o
Deus-Homem, que nos liberta e concede a salvação, pela Sua Encarnação.


Segundo as palavras do grande teólogo Georges Florovsky: a união a Cristo, razão de ser da
Igreja e, em definitivo, o objetivo de todo cristão, é antes de tudo a
participação ao Seu amor de oferenda pela humanidade. Aquela que de maneira
única está unida ao Redentor – pelos laços do amor maternal – desempenha ai um
grande papel. A Mãe de Deus torna-Se a Mãe de todos os viventes, de todo gênero
humano, de todos aqueles que nascem e daqueles que renascem da água e do
espírito. […] O mistério de Maria é o mistério da Igreja. Nossa Mãe a Igreja e
a Mãe de Deus dão juntas a luz à uma vida nova. […] A Igreja chama a si os
fiéis e os ajuda a crescer espiritualmente nos mistérios da fé, mistérios de
sua própria existência e de seu destino espiritual. Na Igreja, eles aprendem a
contemplar o Cristo vivo ao mesmo tempo que o coro triunfante da Igreja dos
primogênitos inscritos nos Céus (Hb. 12, 23), e a adorá-los. E neste coro
eclatante de glória, distinguem o rosto radiante da Santíssima Mãe do Senhor e
Redentor, rosto tomado de graça e de amor, de compaixão e de misericórdia, rosto
d´Aquela que é “mais venerável que os Querubins e incomparavelmente mais
gloriosa que os Serafins” […]
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Aurora Ortodoxia

Aurora Ortodoxia é um labor online missionário de cristãos ortodoxos brasileiros de distintas jurisdições canônicas, dedicado ao aprofundamento e iluminação daqueles que se interessam em conhecer a Fé Ortodoxa por meio da experiëncia da Santa Tradição.

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